Atenção! As inscrições nos minicursos serão feitas no dia 05/12. As vagas são limitadas e serão garantidas por ordem de chegada. Fique atento/a!


Obs.: Os ministrantes que se associarem não pagam inscrição. Pode se enviar proposta de minicurso até 10/09/2016. Para nos enviar sua proposta, clique aqui


M 01 - A DESCOLONIZAÇÃO DE SABERES A PARTIR DAS NARRATIVAS NO BRASIL E NA ÁFRICA: QUESTÕES ACERCA DO ORAL, DO URBANO E DO DIGITAL 

Profa. Dra. Ana Lucia Tettamanzy (UFRGS) 
Profa. Dra. Mauren Pavão Przybylski (UNEB) 

discussão sobre as poéticas orais aborda pontos de contato e afastamento entre a letra e a voz. Com a escuta de cantos e narrativas populares, são percebidas como as dimensões corporais, a recepção e o contexto interferem na construção dos sentidos. Teorias, obras e suportes diversos revisitam o cânone literário a partir da produção da diferença em três encontros com obras e perspectivas descoloniais. As recentes produções indígenas no Brasil revelam a tradução cultural e a vivência da interculturalidade por esses sujeitos criativos e contemporâneos. Já as produções afro-brasileiras ressaltam os laços com a memória e a história africanas e com temas como ancestralidade, tradição e pós-colonialismo. Sobre o digital, a partir do conceito de narrador urbano, amplia-se a visão sobre a narrativa e sobre sujeitos que podem se inscrever na sociedade a partir da junção de possibilidades que vão do papel às mídias.


M 02 - VIAGEM POR LETRAS E IMAGENS EM UM RIO CHAMADO TEMPO, UMA CASA CHAMADA TERRA

Profa. Ma. Kezia Leão da Silva (UFRJ) 

O romance Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra, do escritor moçambicano Mia Couto, apresenta o tema da viagem como forma de resgate de uma memória perdida do narrador-personagem. O deslocamento físico e psicológico provoca a transformação do sujeito. A (re)construção da memória do indivíduo ocorre em letras e imagens polifônicas que o texto literário provoca. A obra aborda a busca por uma memória coletiva por parte do narrador-personagem, que reflete em sua construção identitária, ao retomar o lugar de origem – Ilha de Luar-do-Chão – e ao (re)descobrir sua própria memória individual. Pretende-se tratar do local – Ilha de Luar-do-Chão – como espaço de retomada da memória identitária do sujeito e do coletivo, vista como o retorno à casa. A origem será trabalhada a partir da análise familiar e a representação do local para a construção do indivíduo, além do papel da tradição diante da modernidade. A memória identitária também será pensada através das imagens e letras que o texto literário constrói. Têm-se as fotografias e cartas a fim de revelar questões essenciais à descoberta do ser cuja memória e identidade se encontram incompletas. Mariano não está só na (re)criação da memória dos Malilanes. Através da polifonia, cria-se um jogo em que a voz pertence ao coletivo. Observa-se um romance baseado na oralidade múltipla das personagens, sendo as vozes individuais e coletivas essenciais para a percepção de memória e identidade da Ilha de Luar-do-Chão. 


M 03 - ESPAÇO, MEMÓRIA E FEMININO NA OBRA SANGUE NEGRO DE NOÉMIA DE SOUSA 

Profa. Daniela da Glória Silveira de Souza Vianna (UFRJ) 

A obra Sangue Negro, de Noémia de Sousa, é composta por 49 poemas e constitui-se de partes: “Nossa voz”, “Biografia”, “Munhuana 1951”, “Livro de João” e “Sangue Negro”. Seus poemas, longos e fortes, são considerados marcos da produção poética feminina, africana, moçambicana. Através da voz de Noémia viaja-se pelo território moçambicano. Ler a sua poesia é rever criticamente a escravatura e o processo de reificação, ao qual o negro fora submetido, e também descobrir povos e culturas, permeados de credos, mitos e ritos. Assim, seus poemas marcam a história e fazem sua representação. Nesse campo de sonhos, lutas, desejos, afirmação e resistência que traduz sua poesia, Sousa surge como uma voz reivindicatória, demonstrada pelo seu comprometimento com a situação histórica, política e econômica do seu país. Seu trabalho enfoca a busca pelos valores que afirmem a moçambicanidade, enfatizando a questão da africanidade. Pretende-se abordar o espaço como retomada da memória identitária do sujeito e do coletivo. Seguindo esta proposta de leitura, pretende-se ainda refletir outras problemáticas relacionadas ao universo feminino, não se restringindo apenas à opressão feminina, mas também discutir a crítica à colonização e à escravidão, e como Noémia afirma sua identidade como moçambicana. Nesse sentido, a obra da escritora é expressiva por trazer ao conhecimento do leitor a experiência de vida de indivíduos excluídos, além de retratar a violência imposta pelo colonialismo que ainda hoje manifesta seus desdobramentos. Concluindo, Sangue negro de Noémia de Sousa é uma obra de ontem, hoje e do amanhã que nunca deixará de sonhar, lutar e defender seus ideais diante da dor e sofrimento e até mesmo da surdez das sociedades tidas como detentoras do poder.


M 04 - OS MODOS DE DIZER DA DIÁSPORA NEGRA NA CONTRA NARRATIVA DO RAP ENTRE O BRASIL, ANGOLA E PORTUGAL 

Profa. Silvana Carvalho da Fonseca (UFBA) 

Desde as suas origens, o movimento hip hop se constituiu a partir de um discurso identitário que afirma e (re)afirma os seus vínculos com as múltiplas Áfricas, os quais emergiram como possibilidade de intervir e autorizar novas leituras construídas pela multiplicidade de sujeitos que compõem as populações negras, enfocando-as como produtoras dos mais variados tipos de conhecimentos. Aí estão imantadas performances sonoras, poéticas, imagéticas que convergem na (re) criação de novas linguagens. A etnicidade negra aparece nas poéticas da diáspora das mais variadas formas, expressando como as múltiplas “Áfricas” são absorvidas e reelaboradas na construção do que representa assumir-se afrodescendente e ou africano. É a partir dessa reconstrução identitária que os modos de dizer da diáspora negra, são configurados na complexa relação ambivalente de apropriação e expropriação, que compõem as identidades negras reelaboradas no movimento hip hop na comunidade de falantes de língua portuguesa. Assim, da produção estética do rap na qual se articula som e palavra, emergem narrativas que expressam a relação entre experiência histórica dos sujeitos diaspóricos e negociações conflituosas geradas entre a memória da diáspora e memória nacional.